Friday, December 15, 2006

... ramal da lousã - 2ª Parte

... a pedido do Sr. Pedro Malta colaborei com um texto para o suplemento comemorativo dos cem anos do ramal para o Jornal Trevim:
"... “Na Senda do C.F.” no ramal da Lousã.

O gosto pelo video, captura e edição, mais o gosto pelos temas ligados ao Caminho de Ferro (C.F.) levaram-me à descoberta de alguns pontos da rede em Portugal. O ramal da Lousã foi o segundo ponto de “Na Senda do C.F.”, depois de Reguengos e o seu ramal no Alentejo.
A escolha do ramal da Lousã ficou a dever-se pela proximidade relativa aos tempos de juventude e a porta que representou em muitas das aventuras que tiveram o seu inicio de Comboio. Por outro lado, outra das motivações, ficou a dever-se à tristeza me tocou no ombro, pela mão do tempo, num ramal “Morto” como o de Reguengos, encerrado desde 1990; e a necessidade de ir ao encontro do movimento de um ramal com “Vida”.
Sentir o “cheiro”, ver pessoas nas estações e os comboios a circular eram um imperativo a registar. Como em outros lugares da rede, muitas das estruturas têm o seu tempo, e o ramal da Lousã não foge à regra. Encontrei exemplos do abandono em Estações e apeadeiros, e o vandalismo de quem gosta de destruir como forma recreativa. Encontrei também o gosto e a motivação. Como aquando da passagem pela cuidada Estação de Miranda do Corvo; ou a vazia Estação da Lousã de aroma a novo com uma bela colecção de retratos aos quadradinhos de uma identidade Beirã; experimentei, também, uma desconfortável viagem numa Allan remodelada cheia de pessoas entre Ceira e Miranda do Corvo, que me deixou feliz por encontrar “o hábito” no uso do transporte ferroviário. Mas foi em Coimbra Parque a minha maior expectativa, rever o comboio a atravessar Coimbra, e registar esse momento. Valeu a pena levantar cedo nesse dia.
Por outro lado, os contactos feitos pela rede, ajudaram-me a fazer uma saída com mais vontade. Ter a perspectiva de encontros mais ou menos combinados seria a garantia de uma saída mais rica, não só pelos depoimentos, mas pelo partilhar de sentimentos que este desperta às pessoas a ele de alguma forma ligados.
Foi uma excelente saída. Encontrei um ramal com vida, que ajuda à mobilidade e cria uma atitude dinâmica da faixa onde está inserido. Que mesmo começando a ter melhores soluções rodoviárias, a culpa de factores como fixação de pessoas, ligação rápida a Coimbra, e qualidade de vida; continua a se dever, em muito, ao C.F. e a chegada há Lousã e Serpins. Pensar a geografia da zona torna-se claro que o C.F., no seu ramal da Lousã, prestou e continua a prestar, na sua faixa de influência, um bom serviço à cidade de Coimbra como uma válida alternativa de transporte, e onde uma ligação(como inicialmente previsto) a Arganil ainda faz todo o sentido nos dias de hoje.
Rui Ribeiro"

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